A vida fora de casa...

Hoje vamos saber como é a vida fora de casa do nosso moleque autista...
 
 
Nossa casa é um mundo confortável! Dentro dela nossos filhos podem ser qualquer coisa: personagens, super heróis, princesas, bonecas... podem também: chorar, gritar, fazer birra espernear...


Tô falando disso porque enquanto nossos filhos estão no ambiente controlado da nossa casa, nada nos abala, tudo está sob nosso controle. Mas quando resolvemos colocar o pé na calçada, tudo muda! Se dizemos "não", somos más; se dizemos "sim", somos permissivas e não sabemos educar; se nossos filhos fazem birra para nos persuadir, todos os olhares do planeta se voltam para nós, mães que não sabem educar e entregam para a sociedade filhos "malcriados".

Mas o meu filho não é "malcriado", ele é um pequeno autista de quase 4 anos que tem dificuldades em compreender regras sociais e ainda está em processo de assimilação no "não".

Estou falando de tudo isso porque recentemente fizemos uma pequena viagem, fomos passar uma semana com os avós paternos, na mesma cidade onde mora uma boa parte da minha família. Para nós, adultos, é uma alegria poder rever as pessoas e matar as saudades, independente do ambiente. Mas para o meu moleque a história é outra: ambiente diferente, gente (muita gente) diferente, todo mundo querendo conhecer, abraçar e brincar e ele querendo correr de tudo aquilo. Resultado: por mais que eu tentasse não ouvir, meus ouvidos sempre captavam frases do tipo "moleque malcriado", "esse menino precisa de uma educação mais rigorosa", "onde já se viu ficar se jogando no chão o tempo todo"...
Arquivo pessoal Pedrinho e a irmãzinha


Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Para quem não sabe o autismo é caracterizado por desordens neuronais que afetam os órgãos do sentido: visão, audição, olfato, tato e paladar. Por isso é comum o autista se sentir incomodado com luzes/cores em demasia, barulho excessivo, cheiros fortes (fritura, fumaça por exemplo), texturas (como grama, piso antiderrapante, forro do sofá etc) e sabores. Em um ambiente de reunião familiar, onde junta aquele monte de gente que seu filho não tem costume de ver, o menino fica entregue às situações, não há como fugir.

Só que o meu moleque, mesmo incomodado, não estava nem aí pra ninguém! E agia do jeito dele. Sempre que se depara com negações/proibições/frustrações, dá um grito e se joga no chão. Eu sei que essa sequência de gestos tem um significado específico, é dessa forma que ele (ainda) assimila a negação; assim que se levanta, sai e vai brincar tranquilo. Mas as pessoas não sabem. E é por isso que muitas vezes a gente fica péssima.

Sei também que muitas mães de autistas passam pela mesma situação!
Fica muito difícil sair para comer em restaurante, ir ao supermercado, levar para brincar no parquinho ou mesmo ir pagar uma conta na esquina. Qualquer lugar que não seja a nossa casa (ou outros ambiente onde ele possa ser ele mesmo) pode transformar um passeio num transtorno.
Mas minha vida mudou depois que tomei conhecimento de uma filosofia milenar: a Filosofia do Chuveiro Velho. Em resumo, a filosofia do chuveiro velho é assim: "Não ligo! E, se ligar, não esquento! "Pronto!
Arquivo pessoal

E eu sugiro que você faça o mesmo! Porque, no fim das contas, o que os outros pensam é problema deles. Quem quer ajudar, se aproxima e oferece ajuda; quem não quer, fica falando e não faz nada.
Parece um conselho bobo, talvez até nariz empinado, mas nos coloca num patamar de tranquilidade, simplesmente porque paramos de nos incomodar com os outros e nos importamos apenas com o bem-estar dos nossos filhos.

Por mais que eu concorde que esse comportamento não é adequado e que precisa ser substituído por um comportamento adequado, não posso esquecer que o autismo precisa de um tempo diferente para assimilar as coisas. O indivíduo com autismo pode precisar de um tempo muito longo para assimilar uma regra simples, mas também pode surpreender com a assimilação imediata de conceitos relativamente complexos, não dá pra saber.

Conviver com uma pessoa com autismo, cuidar e ser responsável por uma pessoa assim é ter a certeza de quem não há respostas, pois cada dia é diferente, cada circunstância é diferente, cada indivíduo é diferente. As únicas coisa que podemos ser é pacientes e perseverantes. Quanto ao resto, nem ligo. E, se ligar, não esquento!
 
Bjs

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