Ao mestre com carinho!
Em
comemoração ao dia dos professores, o blog +Mãe de Moleque terá uma nova
colunista a professora +Nilva Moraes Ferreira
A
coluna se chama Fala professora!!!
Teremos
dicas sobre educação infantil e vocês podem encaminhar suas dúvidas para o
nosso e-mail maedemoleque@gmail.com
Saiba
mais sobre Nilva Moraes Ferreira, autora da coluna mensal "Fala
professora", publicada aqui no Mãe de moleque.

Fiquei na direção escolar por muito tempo, 14 anos, e na coordenação escolar por dois anos. Durante todo esse tempo, fiz o que pude para oferecer um ensino de melhor qualidade. Nesse período, abrimos as primeiras salas da escola inclusiva em nossa cidade. Aprendi muito com as crianças deficientes. Para os alunos também, foi muito bom para a convivência dos mesmos, pois aprenderam/aprendem a conviver com a diferença e se tornam cidadãos mais solidários.
Aprendi também que a escola pública é
a melhor escola da vida. Lá o aluno vê a vida como ela é. Com suas diferenças e
desigualdades. Vê o rico e o pobre. O que vai bem vestido e o que não pode
comprar se quer o uniforme; o que vai cheirando a querosene por morar na
zona-rural ou em um assentamento, que acorda às três horas da manhã, para ficar
no ponto para pegar o transporte escolar, e dorme, na sala, quase o tempo todo;
o que vai contando as brigas dos pais; o que não tomou o café da manhã e está
morrendo de fome, vai mais por causa da merenda escolar. “Quem não tem pai”,
muitos são filhos de mães solteiras, quem mora com os avós ou apenas com o pai.
Depois desse longo período, fui para um colégio público também, passei a
ser professora. Lecionei por mais de 10 anos, profissão que me rendeu muito
aprendizado, mas muito estudo, muito planejamento e muito trabalho. A meu ver
chegou a ser escravizante. “Não tinha tempo para nada”, trabalhava de manhã e à
noite; tinha o período da tarde para planejar, preparar para melhor ensinar.
Sempre fazia uma autoavaliação minha e dos meus alunos, antes de começar.
Comecei trabalhando Língua Portuguesa
para a segunda-fase do 1º grau - 6ª série, hoje, 7ºano do Ensino Fundamental. Depois lecionei
em todas as séries do 1º ao 2º grau. Nesse colégio, sofri bastante, embora
gostasse muito de ensinar. Ser professora, hoje, não é fácil. A escola não
chama mais atenção dos alunos, e são poucos os quê são estudantes e gostam de
aprender; outros vão porque gostam de estar com os colegas e porque são obrigados
a estudar. Contudo, como professora, sentia mais à vontade, tinha mais
autonomia do que em outros cargos. Sempre fui muito respeitada; graças a Deus;
fiz tudo por merecer o respeito de meus alunos e colegas de trabalho, pelas
minhas atitudes e trabalho desenvolvido, junto aos meus alunos e colegas.
Sempre buscando inovar e desenvolver um ensino de melhor qualidade possível.
Tive vários alunos. Alunos de todos os
jeitos - educados, estudiosos, tímidos, metódicos, agressivos, bagunceiros, complexados,
complicados, hiperativos, esforçados, inteligentes, criativos. Uns eram
crianças, outros muitos jovens; outros eram pais, mães, avós, precoces, ainda;
outros nem tanto. Pobres, ricos, brancos, negros, religiosos, ateus e
homossexuais. Todos de um jeito. Todos, para mim, especiais!
Depois que comecei a lecionar, depois de
um ano, resolvi me formar. Trabalhava a semana inteira, e na
sexta-feira/sábado, domingo e férias escolares, fazia o curso de Letras, em uma
Universidade Estadual, na cidade vizinha. O curso durou quatro anos. Lembro-me
que, naquele tempo, não tinha computador e nem internet em casa. Pesquisava em
biblioteca, lia e estudava muito, a semana toda, para poder fazer os trabalhos.
Mas valeu a pena, sempre gostei muito de estudar. Depois de certo tempo, achei
que tinha que me especializar mais, fiz um curso de pós-graduação pela
Universidade Federal, na mesma área, em outra cidade vizinha, duração de dois
anos. Foi muito importante para mim, aprendi muito da Língua Portuguesa, mas
não sei tudo, há muito o quê aprender. Só os doutores podem dizer que sabem.
Eu, estou apenas repassando o que a mente
vai ditando, desculpe-me se encontrar erros, reconheço que, com o tempo
fora da sala, dos livros e até da própria prática com a escrita, não se pode
confiar muito.
Trabalhei 27 anos. Hoje, estou aposentada. Tenho, graças a Deus,
uma vida equilibrada. Tenho uma família grande. Meu marido, meus filhos e meu
netinho são maravilhosos. Depois de tudo, posso dizer como Fernando Pessoa,
“tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Ser
professor é professar a fé e a certeza de que tudo terá valido a pena se o
aluno sentir-se feliz pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou...
Ser
professor é consumir horas e horas pensando em cada detalhe daquela aula que,
mesmo ocorrendo todos os dias, a cada dia é única e original...
Ser
professor é entrar cansado numa sala de aula e, diante da reação da turma,
transformar o cansaço numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender...
Ser
professor é importar-se com o outro numa dimensão de quem cultiva uma planta
muito rara que necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser
professor é ter a capacidade de "sair de cena, sem sair do
espetáculo".
Ser
professor é apontar caminhos, mas deixar que o aluno caminhe com seus próprios
pés...
Abraços
+Mãe de Moleque
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