Conviver bem é um processo de aceitação do outro
Foi Mário Quintana quem disse: “A
arte de viver é simplesmente a arte de conviver, simplesmente, disse eu? Mas
como é difícil!”
Concordo plenamente com Mário Quintana, grande escritor brasileiro, que “conviver” é mesmo uma arte dificílima, até entre pais e filhos. Aprender a aceitar o processo de individualização daquele ou daquela que é parte do seu corpo, que, embora, seja sangue do seu sangue, é diferente e tornou “independente” não é fácil.
Concordo plenamente com Mário Quintana, grande escritor brasileiro, que “conviver” é mesmo uma arte dificílima, até entre pais e filhos. Aprender a aceitar o processo de individualização daquele ou daquela que é parte do seu corpo, que, embora, seja sangue do seu sangue, é diferente e tornou “independente” não é fácil.
A maioria das mães e pais, por
amar incondicionalmente seus filhos, tenta guiar os seus passos, acompanhá-los
em todos os lugares, ajudar em tudo, entregar tudo prontinho, ensinar tudo que
acha que irá lhes proporcional melhor futuro; então, tenta precipitar o que for
possível para aumentar os seus conhecimentos e encaminhá-los. Acreditando que agindo assim estará
protegendo e fazendo de cada um, melhor ser, melhor profissional, mais feliz,
mais saudável, com experiências de sobra para poupá-los de qualquer sofrimento,
não compreendendo que com isso estejam eliminando as possibilidades de
desenvolver neles os instrumentos necessários para enfrentar as dificuldades.
É como o caso da borboleta que o homem cortou o casulo para ajudá-la a sair do mesmo, “e a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de forma que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo”.
Desse modo, nós, pais e mães,
agimos inconscientemente com nossos filhos, acreditando que estamos lhes
fazendo o bem. E, infelizmente, não. Essa
superproteção, essa presença constante de adultos controlando as ações das
crianças, esse excesso de zelo e exagero de atividades extracurriculares,
segundo uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Psicologia da USP, contribuem
para a falta de autonomia e espontaneidade delas, além de levá-las a
vivenciarem o tédio, e só piorar a convivência entre pais e filhos.
E aí, como dizem os mais antigos,
“o tiro sai pela culatra”. Em vez de
criar filhos felizes, que se relacionam
bem com os pais e com todas as pessoas, sendo independentes, naturais;
sufocamos tanto que os estragamos. Mas, pensando bem, qual pai e mãe, hoje, não
protegem e não projetam um tanto de sonhos e as melhores expectativas para os
filhos? Eu disse “hoje”, porque embora,
os pais de outrora, cogitassem do mesmo jeito, eram mais discretos, não se
ambicionavam tanto. Não exigiam tanto dos filhos, quanto a se destacarem nessa
ou naquela atividade.
A grande verdade é que cada geração
tem uma expectativa para sua vida e para os filhos, de prosperidade econômica,
de realização pessoal, de comunicação e de convivência, etc. A geração
internet, como é mais conhecida, atualmente, vem sendo, sem perceber, constantemente
atormentada também por este tal fenômeno moderno das redes sociais, que com
apenas um clique, criam e mostram um mundo meio fantasioso, onde “a maioria”
das pessoas expõe apenas uma versão maquiada e melhorada de si mesmas e de suas
realidades, ou quando verdadeiras, vamos assim dizer, apenas dos melhores
momentos; então, expõe suas carreiras, seus relacionamentos, suas viagens, seus
momentos de lazer, etc. Isso, se por um lado, expande a comunicação e a
informação entre amigos, familiares e outros; por outro lado, afligem jovens e
adultos que levam uma vida mais simples, sem muitas badalações, e que preferem
não expor seu lado bom e mais íntimo da vida.
Ainda, essas grandes expectativas
de resultados, por parte dos pais e por parte dos meios de comunicação têm deixado
muitos jovens e até adultos com a autoestima muito baixa, além de causar uma
convivência ruim entre os mesmos. Porque nem sempre os pais podem dar o que os
filhos sonham e cobram. Nem material e, principalmente emocional. Felicidade,
realização pessoal e facilidade para conviver com as pessoas, por exemplo. E os
filhos, por sua vez, também não podem dar o que os pais e a sociedade exigem e
cobram deles. Mas “aceitá-los como eles
são; olhar para os filhos sem expectativas significa poder amá-los mesmo que
sejam bem diferentes dos sonhos e desejos que projetamos neles”.
Desse modo, a maior tarefa da
família, a meu ver, é educar os filhos, de forma que promova uma convivência
boa entre os mesmos (pais e filhos) e também com outras pessoas, e que
desenvolvam neles uma independência natural, desde pequenos, que, aos poucos,
de acordo com as expectativas deles, eles vão absorvendo e fazendo suas
escolhas, a curto ou longo prazo, a fim de encontrarem suas próprias
realizações, livres de imposição e das aspirações maternas e paternas. É claro,
pais e mães, nós não podemos esquecê-los e nem perdê-los de vista, nunca.
Segundo o padre Reginaldo
Manzotti, em seu livro “10 respostas que vão mudar a sua vida – Histórias reais
para inspirar você a superar obstáculos e manter a fé”. “O afeto e a atenção
também são fomes que nós humanos, filhos de Deus, feitos à imagem e semelhança
Dele, precisamos saciar”.
“Muitas vezes, temos tudo aquilo
que queremos, mas não aquilo de que necessitamos”. E, isso, muitas vezes,
acontece na convivência do dia a dia, damos quase tudo que achamos que nossos
filhos “precisam” – compramos os melhores computadores, os melhores celulares,
investimos em grandes viagens, investimos em grandes bens materiais, colocamos
nas melhores escolas e cursos, aconselhamos, protegemos, ensinamos o caminho.
Fazemos de nossa parte, pensamos, não é mesmo? Mas talvez não seja isso que
nossos filhos estejam precisando. Eles precisam aprender a caminhar sós, querem
que os admiramos, querem que transmitimos confiança e temos confiança neles. Querem
ser felizes! Querem ter muitos amigos. Querem amar e serem amados. Quem não
quer isso, “todo mundo quer”, não é mesmo?
Portanto, precisamos aprender a
conviver, tendo capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de exercitarmos
a humildade, o controle do pensamento e das emoções, e a sabedoria de expor sem
impor as idéias e as experiências. Precisamos dar tempo, “o nosso tempo não é o
de Deus”, para ganhar tempo, ouvindo o que os nossos filhos têm a dizer. Sermos
receptivos às suas dificuldades, diferenças, aos seus interesses e
desinteresses, aos seus gostos e desgostos, às suas angústias, e aos seus
desabafos. Dói, eu sei, dói muito, mas como disse o padre citado, “ninguém deve
desistir do filho, da filha..., mas perseverar na fé, depositando as esperanças
em Jesus, pois n’Ele tudo tem solução. Ele é o Deus do impossível!”
Um abraço da mãe, professora e avó
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