Filhos de pais separados


Oi gente

Na coluna da Dra. Claudia, fizemos uma pesquisa com os seguidores sobre os temas que queriam que ela abordasse aqui, este tema foi o segundo mais solicitado!
Espero que possa ajudá-los nesta hora difícil.


 
Olá pessoal,

O tema que abordaremos desta vez, foi o segundo da lista de temas mais sugeridos pelas leitoras do blog: "Como lidar com os filhos quando ocorre a separação dos pais".

 

Dra. Claudia colunista no blog Mãe de moleque
Antes de ocorrer a separação física dos pais, ocorre a separação emocional que, em alguns casos, gera desentendimentos que podem levar às agressões físicas e à violência psicológica. E a criança que presencia estas cenas sofre muito, pois se trata das pessoas que ela mais ama e necessita. Até mesmo bebês muito novos, embora não tendo compreensão da situação, conseguem captar a tensão do ambiente familiar e "perceber" que algo está errado, expressando seus sentimentos através do choro e agitação, inclusive com alteração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.



Reações dos filhos

Na idade pré-escolar – as crianças parecem ser as mais atingidas aos efeitos negativos da separação, porque seu desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreender o que está acontecendo. Assim, bebês até 2 anos podem desenvolver atitudes mais medrosas e certa regressão. Enquanto crianças de 3 e 4 anos podem fantasiar a separação como temporária, da mesma forma quando brigam com seus amiguinhos e depois fazem as pazes. Mas a criança de 5 e 6 anos, tende a se sentir culpada, como se tivesse feito ou pensado algo muito errado e por isso os pais brigaram e vão se separar. Desenvolve então, um sentimento de responsabilidade pela reconciliação dos pais, muitas vezes apresentando atitudes de autopunição, como se ele merecesse sofrer por ter falhado.

Na idade escolar – as crianças tem uma melhor compreensão dos problemas dos pais e das razões para a separação, embora muitas vezes sinta-se abandonada e com raiva deles. Em muitos casos, o rendimento escolar é prejudicado e surgem problemas de comportamento em casa e na escola, torna-se impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo tempo em que, demonstra maior dependência e ansiedade.

Mas no geral, essas crianças podem ficar deprimidas, tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais agressivos e rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do apetite, dificuldade de concentração e perda do interesse pela vida social. Ao longo do tempo eles podem tornar-se mais ansiosos, com grande dificuldade em manter relacionamentos amigáveis ou amorosos, por medo de serem traídos, magoados e abandonados. Já outras crianças apresentam, maior capacidade adaptativa diante das mudanças que se fizeram necessárias.


Como lidar

1 – Seja verdadeiro e claro, converse com seus filhos!
Importante que, com calma e simplicidade, vá partilhando com os seus filhos o momento atual, no sentido de prepara-los e de envolvê-los nesta nova fase de vida. Conversar abertamente, sublinhando que a separação dos pais, não implica na separação emocional entre pais e filhos. Algumas crianças (quanto menores, maior poderá ser a tendência) podem considerar que a separação dos pais é culpa delas. É importante que converse sobre estes sentimentos com os seus filhos, desmistificando-os e explicando as verdadeiras razões da separação. Não é necessário explicar detalhadamente as causas da separação, pois poderiam confundi-la num momento que ela está necessitada de apoio emocional, mas é aconselhável que explique usando uma linguagem adequada à idade de cada uma.

Também é importante que as crianças percebam que não precisam de escolher lados, independente de quem ela for morar, ela pode continuar a gostar do pai e da mãe da mesma forma e que os pais continuarão a gostar delas da mesma forma também.

As conversas com os filhos e mesmo entre casal devem ser rodeadas de um ambiente tranquilo e isento de discussão. Quanto mais amigável for a separação, menos consequências negativas poderão surgir, para ambas as partes. Evite culpar um dos parceiros, converse tranquilamente. Pais separados não precisam ser amigos, porém, devem manter atitudes de respeito e auto-controle quando em presença dos filhos, principalmente as de apoio em questões que se relacionam com a educação e disciplina.

Os pais devem explicar os arranjos da custódia para que não se sintam abandonadas e poderem se reassegurar de que continuarão a receber seus cuidados e amor, mesmo daquele que se ausentará do lar. Devem encorajar seus filhos a expressar seus sentimentos, sem julgamento e com compreensão, para que possam aprender a lidar com eles.


2 – Entenda as reações
É natural que as crianças reajam, por isso, é importante que transpareça que suporta e entende as reações dos seus filhos, bem como permitir tempo para que as mesmas aconteçam.

Algumas crianças podem desenvolver comportamentos regressivos (por exemplo, voltar a falar como bebê, fazer xixi na cama, querer dormir com a mãe ou com o pai, recusar ir à escola) e/ou comportamentos agressivos, normalmente voltados para o progenitor com quem vive. Poderão surgir ataques, julgamentos, discussões, atribuições de culpa. Podem desenvolver sentimentos de perda, de abandono, podem sentir-se incrédulas e até negar a situação. É essencial que suporte (por muito difícil que, por vezes, possa ser) estes comportamentos e que, todos os dias, dedique algum tempo a conversar com os seus filhos, dando-lhes a oportunidade de verbalizar os seus sentimentos, os seus medos e receios, os seus pensamentos.


3 – Passe tempo de qualidade com seus filhos
Se já era essencial passar tempo de qualidade com os seus filhos enquanto casal, torna-se ainda mais neste momento, continue a fazer o mesmo após a separação. O fato de terem se separado enquanto casal, não deverá influenciar as relações entre pais e filhos. Quando menos alterações existirem na relação pais e filhos, melhor será vivenciado este momento delicado.


4 – Informe os professores e educadores


Explique aos professores e educadores a fase em que se encontram os seus filhos e que está preocupada que essa situação possa influenciar o rendimento escolar deles. Mantenha-se atenta às reações dos mesmos perante à escola e fale regularmente com os envolvidos.




5 – Não faça!


– não discuta na frente dos seus filhos;

– não prolongue o processo de divórcio (quanto mais rápido, melhor);

– não culpe as crianças da separação;

– não se torne permissivo demais (não permitia tudo que a criança pede apenas para agradá-la);

– não transforme seus filhos no seu melhor amigo (não desabafe com eles, não lhes conte confidências, não os trate como adultos);

– não faça seus filhos de pombos correio (se tem algo a dizer ao seu ex-companheiro(a), faça pessoalmente ou por telefone)

– não denigra a imagem do outro progenitor;

– não afirme fatos que não sabe se vão acontecer (por exemplo, não diga "nunca me voltarei a casar" ou "não quero nunca mais ninguém ao meu lado").
 
Peça ajuda de um psicólogo!
É fundamental que os pais estejam atentos aos comportamentos dos filhos durante o processo de separação, tanto antes como após separarem-se. Muitas vezes as crianças começam a apresentar uma queda no desempenho escolar, maior isolamento, tristeza, falta de apetite. Todos estes são sinais de que algo não esta indo bem. Nesses casos, à ajuda de um profissional poderá ser fundamental, tanto para orientação destes pais em como lidar com os filhos diante do novo contexto, como para a criança, que encontrará um suporte emocional adequado para expor suas angustias, medos, fantasias. E também para que este possa avaliar como os filhos estão lidando com o processo. O que também tem ótimos resultados.
 
Para finalizar, é fundamental que compreenda, enquanto pai/mãe e adulto, que não é a separação em si que poderá ter consequências negativas para a criança, mas sim a forma que a separação é conduzida. Por isso, se tentou ter um bom casamento, tente também ter uma boa separação.

 
Quero desejar a todas leitoras deste blog, um ótimo ano com boas vibrações e com muito amor em família.

Abraços da Psicóloga
Cláudia Silva

3 comentários:

  1. É uma relação difícil, o melhor é mesmo manter
    um bom dialogo e observar como os pequenos estão
    lidando com a situação
    bjs

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  2. Excelente texto!!Vou compartilhar...
    As crianças sempre sofrem...não querem ficar longe de um ou outro,mas quando se tem um diálogo ou quando os pais passam por essa fase sem agressões, sem brigas e sem jogar a culpa um no outro, as crianças acabam entendendo e aceitando!
    Bjs!

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  3. É bem complicado mesmo para os adultos, imagina para as crianças.
    Ótimas dicas!
    Bjcas
    http://www.estou-crescendo.com/

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