Autismo, meu filho tem.


Olá! Me chamo Dalila Dalila Mascarenhas Valentim.
Tenho 30 anos e sou casada há 4 anos, sai do trabalho para acompanhar meus filhos e acabei me
tornando mãe empreendedora.
Faço bolos caseiros e vendo pelo Facebook e What'sApp. Moro em Barreiras, interior da Bahia.
Conheci a Mãe de moleque  através do grupo no face chamado Diário de uma Mãe de Dois da
 Thania,  sou a mãe de um moleque chamado Pedro.
 
 Até aqui, tudo normal, aliás era tudo normal até ele ter 1 ano e 2 meses.  A partir dessa idade ele começou a apresentar comportamentos novos. Batia a cabeça na parede ou no chão quando se aborrecia, virava os olhos quando alguém olhava para ele.  Não se incomodava em ficar sozinho (mesmo se estivesse escuro), não sentia frio (ou, pelo menos, parecia não se incomodar com o frio), não brincava de maneira adequada com os brinquedos, preferindo girar as rodinhas ou enfileirar os brinquedos,  não falava NADA, nem se interessava em emitir sons.   Muitas vezes parecia ser surdo, como se não ouvisse nosso chamado. 
Amava água de forma excessiva e inexplicável, não aceitava o toque de ninguém, nem beijos, nem abraços ...apenas o meu abraço, mas não me abraçava de volta e não sentia medo.

No início eu achava que era uma forma de reagir a todas as mudanças que aconteceram conosco.
Tínhamos mudado de cidade, a nossa casa não estava pronta levando-nos a morar um tempo na casa da minha mãe, o papai passou 6 meses fora estudando, ele começou a ir para a creche para que eu pudesse trabalhar... e por aí vai.

Como era meu primeiro filho eu achava que era normal, que era uma forma dele se encontrar em meio a todas as mudanças do momento; mas o tempo ia passando e os comportamentos continuaram. Logo descobri que estava grávida, eu seria mãe novamente tendo ainda um "bebê", porque ela nasceu antes dele completar 2 anos.

Nossa casa ficou pronta, o papai voltou da viagem, a irmãzinha nasceu... e seus comportamentos estavam lá!
Ora eram mais brandos, ora voltavam... aquilo me incomodava tanto!
Quando deu as férias da creche ele parou de dormir, passava as noites em claro, assistindo dvd, brincando sozinho, riscando as paredes da casa nova...
Eu procurei o pediatra e disse que ele não estava dormindo, mas ao olhar clínico tudo parecia bem, de forma que receitou apenas um calmante para que ele dormisse. Depois de uma semana tomando calmante (e dormindo bem) eu liguei pro médico e disse que precisava de algo alternativo pois não continuaria a dar calmantes a um menino de 2 anos; foi quando ele me sugeriu inscrever Pedrinho em alguma atividade que o fizesse gastar energia, mas nenhuma atividade pega crianças dessa idade e eu decidi colocá-lo na escola.
Mesmo com mais de 2 anos Pedrinho ainda não dizia nada. Nesse ponto eu já tinha certeza de que ele tinha alguma coisa diferente!

Me joguei na internet. Pesquisava, lia artigos científicos, definições de autismo, mas era tudo muito esquematizado, muito padronizado, coisa científica demais para o meu pequeno.
 Aí comecei a ler depoimentos de mães, de famílias, de grupos de apoio... foi aí que consegui encontrar meu filho.

Recebemos orientação de uma pessoa da família para procurar um médico. Foi uma luta! Em que médico: um pediatra? Um psicólogo? Pode ser qualquer um? Eu estava totalmente perdida. Fui mais uma vez para a internet, onde encontrei uma luz: uma psiquiatra especialista em autismo.
 Liguei e marquei uma consulta, há 900km da cidade onde moramos!
Quando chegou o dia da consulta eu já estava cercada de tanta informação que seria difícil a Dra. me enganar (hahaha, olha a pretensão!).Foram 2 horas de observação, perguntas e conversas, ela não fechou o diagnóstico mas escreveu num papel suas observações: interação unilateral, deficiência na área de comunicação e deficiência na área de socialização, mas garantiu que tudo o que se referia a cognição e inteligência estava intacto. Para meu marido (que me achava uma louca exagerada), nós perdemos tempo e dinheiro, mas eu sabia que ela elencou deficiência nas três principais áreas que caracterizam o autismo. A médica não fechou o diagnóstico e pediu para retornar em 1 ano. Em 6 meses eu estava lá de volta! Dessa vez, diagnóstico fechado: AUTISMO!

Naquele momento meu marido não conseguia entender nada, não aceitava. Para mim foi libertador!
 
Eu tinha certeza que ele era diferente, mas eu não sabia que diferença era essa e como poderia amenizá-la; com um diagnóstico eu tinha um norte, sabia por onde seguir. A médica nos acalmou dizendo que ele tem um nível leve e nos deu 4 tarefas de casa:

  1-Fazer acompanhamento fonoaudiológico

  2-Fazê-lo largar a chupeta (para facilitar o desenvolvimento da fala)

  3-Ensiná-lo a dormir na cama dele (pois ele ainda dormia conosco)

  4-O papai deveria brincar com ele de brincadeiras de menino.

Pedrinho continua na escola, faz fonoterapia desde fevereiro, abandonou a chupeta, dorme na cama dele, já se comunica conosco emitindo "palavras" muito próximas das que utilizamos (anhanha = aranha/ eite=leite/ erdei=verde), conta até 10 associando os números às quantidades, se socializa com facilidade, cantarola musiquinhas, não usa mais fralda (nem para dormir), chupa no canudo (pois não fazia isso) e assopra! No seu 4º aniversário (em outubro), ele vai assoprar a velinha pela primeira vez!

Nessa louca jornada, que comecei totalmente às cegas, conheci muita gente legal, gente envolvida na divulgação de informações para tirar o autismo do anonimato e do preconceito!
 Também passei e perceber quantas pessoas vivem realidades tão parecidas com a minha e já me perguntei incontáveis vezes quantas famílias tem autistas sem diagnóstico. O estereótipo do autismo dificulta ainda mais a busca por ajuda médica.

Coração de mãe não se engana, mas o apego pode nos enganar...se você reconhece qualquer uma das características acima em seu filho, procure um médico, o diagnóstico precoce é o maior passo para um tratamento eficaz!
 
Espero com os meus relatos ajudar muitas mães, nos veremos por aqui todos os meses.
Beijos
Dalila

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