Suplementação Infantil: quando essa prática se faz necessária?
Criar hábitos saudáveis na alimentação é uma
tarefa muitas vezes árdua.
A maioria dos pais me procura com uma preocupação
extrema em relação a deficiência de nutrientes. São reclamações pertinentes dos
maus hábitos alimentares: “meu filho não come”; “come feito um passarinho”; “só
quer comer besteiras”; “ele não prova nenhum legume”; “tenho certeza que ele
precisa de vitaminas”; “tá faltando ferro”.
O organismo humano necessita de determinados
nutrientes para o bom desempenho de suas funções, para a formação de tecidos, o
aumento da resistência dos ossos e dentes e para o processo de cicatrização.
Listei abaixo os principais nutrientes envolvidos na infância e em quais alimentos eles podem ser encontrados.
Vitamina A
Essa vitamina é essencial no bom
funcionamento da visão, além estar envolvida no desenvolvimento saudável da
pele e dos ossos. Sua deficiência pode causar alterações significativas na visão:
complicações ao enxergar em ambientes com baixa iluminação (cegueira noturna), dificuldade
na diferenciação de tons (daltonismo), secura nos olhos (síndrome do olho seco).
Na pele em situações mais graves, pode provocar pequenas lesões ocasionando até
o aparecimento de cicatrizes.
É encontrada em abundância no
leite materno e em alimentos como cenoura, batata, espinafre, abóbora, produtos
lácteos e ovos. Sua toxicidade (consumo em excesso) pode ocasionar sonolência e
náuseas.
Vitamina C
Esse nutriente desempenha papel
fundamental no sistema imunológico, aumentando a resistência contra o
aparecimento de infecções e auxiliando no processo de cicatrização, além de
fortalecer os ossos e dentes.
Sua deficiência pode levar ao
escorbuto, uma doença rara que, embora assintomática no início, pode provocar
deformações nos ossos e articulações, fraqueza nos dentes e incapacidade de
curar infecções e estancar cortes.
Além do leite materno, a vitamina
C é abundante em frutas cítricas como laranja, limão, tangerina, mexerica,
melão, melancia, morango e kiwi, hortaliças de folhagem verde escura.
Vitamina D
Essencial no crescimento e
desenvolvimento dos ossos e dos dentes, sua carência pode levar ao raquitismo, caracterizado
pelo amolecimento e enfraquecimento das estruturas ósseas, prejudicando a
sustentação corporal e sua resistência. De todas as vitaminas, essa é a única
que as crianças são capazes de produzir, através da exposição aos raios
solares.
O nutriente pode ser encontrado em
carnes, peixes como sardinha e salmão, frutos do mar e outros derivados de
origem animal, como leite, ovo, fígado e queijos, além dos cogumelos.
Vitamina K
Sua função está ligada ao processo
de coagulação sanguínea, sua falta no organismo causa problemas de coagulação e
cicatrização de cortes e feridas, mesmo que superficiais. Por isso, obstetras
costumam sugerir uma injeção de vitamina K no recém-nascido, instantes após o
seu nascimento. O composto pode ser encontrado em alimentos como couve-flor,
ameixas secas, grãos de soja, espinafre, alface, brócolis, rúcula, agrião.
Vitaminas do complexo B
Trata-se da
junção das vitaminas: B1, B2, B3, B5, B6 e B12. Esses compostos desenvolvem
função fundamental na formação dos glóbulos vermelhos, como são chamadas as
células do sanguíneas, no bom funcionamento do sistema neurológico, regulação e
produção da energia corporal, fortalecimento do sistema imunológico, saúde dos
cabelos, pele, unhas e intestino. As dietas restritas de carne podem levar a
deficiência da vitamina B12, ocasionando o aparecimento de doenças como a
anemia, crianças com hábitos veganos e vegetarianos estritos, devem ser
acompanhadas de perto para evitar quadros como esse. Os alimentos ricos em
vitaminas do complexo B são peixes, fígado, abacate, castanhas, hortaliças de
folhagem verde-escura e cogumelos
Entre
os inúmeros processos biológicos influenciados por esse oligoelemento
destaca-se o crescimento e desenvolvimento físico e mental, a sua influência no
metabolismo de transporte e absorção da vitamina A, prevenção de diabetes e seu
papel na defesa do organismo pela maturação das células de defesa e por sua
ação antioxidante.
O zinco também ajuda a
pele a exercer a sua função de ‘barreira’ contra agentes externos e, portanto,
sua deficiência favorece o aparecimento de lesões na pele. A baixa ingestão de zinco pode causar também
diminuição da sensibilidade gustativa e do peso corporal, perda de apetite,
anorexia, alterações na visão, oscilações de humor, dermatite e retardo no
crescimento, no amadurecimento sexual e no desenvolvimento motor e cognitivo.
Encontramos mais
facilmente o zinco em alimentos de origem animal: carne, queijo e ovos.
ÁCIDO FÓLICO
Necessário
para a formação e maturação das células sanguíneas e das células de defesa na
medula óssea, a deficiência de ácido fólico pode ocasionar má-formação das
células, déficit de crescimento, anemia, alterações sanguíneas e distúrbios na
digestão. Alimentos fonte: frutas cítricas, grãos e sementes, nozes e
castanhas, abacate.
FERRO
Elemento essencial para o crescimento e desenvolvimento
da criança, que em deficiência pode levar a casos de anemia ferropriva. Sua
deficiência pode reduzir as habilidades das crianças em relação a linguagem e
coordenação motora fina. Encontramos o ferro: em vegetais verde escuros,
feijões, carnes, ovos, leite, etc.
Muitas vezes pensamos que apenas na suplementação
conseguiremos obter os benefícios, mas é na mesa de casa que encontramos os
melhores fornecedores de nutrientes. Confie sempre no seu pediatra e no auxílio
de um profissional da nutrição.
Bjs
Nutri Paula
Referências bibliográficas
Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Alimentação – NEPA – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – “Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos (TACO)”.
Food and Nutrition Board, Institute
of Medicine, National Academies – “Dietary Reference Intakes (DRIs):
Recommended Dietary Allowances and Adequate Intakes, Vitamins”.
Krause – Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia 14ªedição 2018.
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