Sexualidade na infância
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Dra. Claudia, colunista blog Mãe de moleque |
Olá mamães,
hoje vou falar de um tema solicitado por muitas leitoras do blog, que pode ser
delicado para algumas de vocês e para outras nem tanto, isso depende muito de
como foi abordado na sua infância.
A reação da grande
maioria dos pais depois que seu filho faz perguntas do tipo "Como eu
nasci?" ou "Como o meu irmãozinho foi parar dentro da sua barriga?"
e mesmo quando flagramos a criança brincando com os seus órgãos genitais é de
surpresa e, em alguns casos, de constrangimento.
Os valores
culturais e morais, por mais diferentes e abertos do que anos atrás, a infância
ainda nos remete à pureza e inocência. Crianças são puras e inocentes no
sentido de que quando brincam de médico ou tocam suas partes íntimas não tem ideia
de libido e sexo como os adultos, apenas estão se descobrindo e sentindo prazer
no que fazem.
As crianças não
se excitam. A experiência é exclusivamente sensorial. O problema está no olhar
do adulto para a sexualidade infantil. O adulto que erotiza, dando um sentido
distorcido, proibido e, por vezes, sujo. Essa não é a melhor maneira de lidar
com a sexualidade infantil.
Caso os pais vejam
a criança acariciando seu órgão genital na frente de outras pessoas, ao invés de
dar bronca, diga para seu filho que isso é um ato íntimo e não pode ser feito
na frente de outras pessoas ou simplesmente chame-o para brincar de outra
coisa.
Se for brincadeira
com outro coleguinha da mesma idade, deixe passar e converse sobre o assunto
depois ou peça para que eles parem a brincadeira, pois o papai ou a mamãe
precisam de ajuda, sem soar como recriminação. Brincadeiras com crianças da
mesma idade não há perigo, o problema haverá quando uma criança for muito mais
velha que a outra, dando outro sentido à brincadeira.
Agora, diante de perguntas
que peguem os pais de "calças curtas", o ideal é responder até onde a
curiosidade da criança alcança. Informações de menos levam a criança satisfazer
a curiosidade em lugares muitas vezes inadequados. Informações demais, como uma
aula completa sobre como o irmãozinho foi parar dentro da barriga da mamãe
podem fazer confusão na cabecinha da criança. Já as mentiras contadas pelos
pais farão com que as crianças não confiem mais na relação e a conversa sobre
sexualidade seja um canal fechado, tendo como consequência mais tarde uma
gravidez indesejada ou mesmo vergonha de falar sobre um abuso sexual.
Abuso sexual é
outro motivo para que se fale sobre sexualidade para os pequeninos desde cedo.
Já se pode explicar para crianças a partir de três anos sobre as partes do
corpo e que adultos não podem acariciar certas partes.
Tudo o que é
passado para as crianças com transparência e naturalidade, sem preconceitos e
mentiras, é desenvolvido da melhor maneira sem traumas ou consequências. Não
precisa contar toda a verdade para a criança, mas tudo o que você contar tem
que ser verdade.
Brincar é fundamental
Através da
brincadeira, ela treina ações futuras, aprende novos papéis, ensaia como deve
ser o comportamento esperado do seu sexo, elaborando as informações que foram
transmitidas para ela. E assim, vai se desenvolvendo e atravessando diversas
etapas no processo de identificação sexual: no início, imita as pessoas que têm
para ela grande valor afetivo. Depois, ao descobrir que é homem ou mulher,
trata de repetir os comportamentos da pessoa do mesmo sexo.
Compreendendo as
relações entre casais
O prazer do vínculo afetivo e das interações sociais se dá em paralelo
com a percepção das relações amorosas entre casais. Para compreender essa
realidade do mundo, a criança se utiliza de recursos próprios da fase que vive:
o faz de conta e a imitação. Através do desenho a criança demonstra o interesse
sobre os relacionamentos, como por exemplo, um passeio de mãos dadas com um
colega - ou seja, uma situação típica de namoro, relatada no desenho ou até
numa brincadeira de criança.
Tratar com
naturalidade
Se para os adultos,
a sexualidade já é um tema difícil, imagine para as crianças. Por isso, vá com
calma ao lidar com o assunto. Mesmo porque a curiosidade é sinal de
inteligência. Os pais não devem se desesperar porque sua filha ou seu filho
estão se tocando. Mas também não precisam ficar passivos. Devem orientar os
filhos de forma tranquila e de maneira que fique confortável para todos.
Limites sem
trauma
Bater na mão da
criança e dizer que é feio quando flagramos os pequeninos se tocando, está
longe de ser a melhor conduta. Pode deixar traumas desnecessários. A criança se
assusta e intuitivamente repele de sua vida a busca por esse tipo de sensação.
Além disso, o assunto vira algo proibido e dá margem para tabus e preconceitos
no futuro. Levar a criança para o banheiro para fazer xixi ou cocô ainda é a
melhor maneira de mostrar que lá é o lugar de mexer nas partes íntimas e também
de desviar o foco de atenção. Quando volta do banheiro, ela se esquece de se
tocar. Agora, se o pequeno insiste em se tocar na frente de todos, mesmo que
não saiba exatamente o que está fazendo, ele precisa saber que o papai e a
mamãe vão ficar tristes se continuar, de preferência com uma conversa mais
séria, que faça a criança também pensar, e não simplesmente obedecer.
Se esses atos forem
excessivos, pode ter ocorrido alguma alteração emocional. Procure um psicólogo
para melhor avaliação e orientação, tanto para a criança quanto família.
Um abraço da Psicóloga
Cláudia Silva
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