Ser catequista nos tempos de hoje!

 Olá pessoal, ando meio sumida daqui, tudo bem com vocês?

Espero que sim!

Os últimos 3 anos, não foram muito tranquilos. A doença do meu pai ficou pior, Oliver nasceu, meu pai faleceu dois anos depois, meu esposo ficou doente, fez uma cirurgia na coluna e depois veio um câncer de pele, Oliver crescendo, Ítalo iniciando escola nova e adolescência... e eu digo, quem nos sustentou foi Deus.

Eu contei aqui já que me tornei catequista, por causa do Ítalo. Colocamos ele na catequese com 7 anos e ele não gostava, apesar da catequista ser uma boa pessoa a didática era antiga, escrever muitas vezes as orações até aprender...e ele quis desistir....

Na missa disseram, quem poderia auxiliar a catequista...e eu me candidatei.

Dizem que ser catequista é vocação, o meu chamado foi através do meu filho mais velho. 

Antes de aceitar fomos fazer a minha viagem dos sonhos para Disney, por incrível que pareça...lá rezei, rezei muito pedindo a Deus discernimento, força e coragem para dar um caminho espiritual para meu filho. e vinha sempre voz de hj nosso antigo pároco, na minha cabeça...ele dizendo lá da porta da igreja, lá vem o Ítalo trazendo o pais dele pra Jesus rsrs

Chegávamos como todo mundo, em cima da hora na entrada do padre na missa e ficávamos lá no fundo, o Ítalo era bb ainda, começou a andar lá, fazer amigos e crescer na comunidade e nós cada vez mais nos bancos da frente.

Certa vez o Padre me peguntou:

Qual dia ele nasceu ?

Eu disse 28/08...

Ele sorriu e disse : Então que Santo Agostinho o proteja é o dia dele.

E eu cheguei e fui pesquisar, sim católica e não conhecia... e ai descobri que sua mãe era santa também, Santa Mônica, que lutou bravamente, chorou muito, pela conversão do seu filho mais velho Agostinho.

E eu na minha cabeça, tá bom Deus, entendi, não vai ser fácil, mas entendi, que seria por minhas mãos que meu filho seria levado a crescer na fé.

Imagem que meu pai tinha sido catequista e catequizou minha mãe e criou todos nos na fé, esta mesma fé que o acompanhou ele até sua morte, ele sorria no momento da antiga extrema-unção hj chamamos de oração dos enfermos, o padre rezava, as lagrimas caiam, nossa e dele e um cheio agradável de rosas no ar...inexplicável, dolorido e intenso...

Na minha juventude procurei em tantos lugares Jesus, fui conhecer diversas religiões e meu pai nunca, nunca interferiu, parecia saber o que tinha plantado né, depois de tanto tempo me viu catequista, já de cadeira de rodas, viu a minha "iniciação" como catequista .

O primeiro ano de catequista, cheguei lá dizendo o que poderia fazer... a catequista estava terminando uma turma grande e via aquelas crianças bagunçando, sem prestar atenção...e ela disse pega esta turma nova e fica com eles...e eu faço o que rsrs ensina, ela disse.

Eu não sabia por onde começar, não tinha feito nenhum curso, o que eu sabia era o que tinha aprendido lá com 7 anos rsrs com meus catequistas, aliás maravilhosos, tenho um carinho imenso por eles, acredito que eles nem se recordem de mim rsrs, mas eu lembro deles. Vc se lembra do nome dos seus catequistas ?

Ai pesquisei e achei um aplicativo bíblico para crianças e fui vendo com eles rsrs

Acompanhei a primeira comunhão da outra turma e neste tempo, já tinha pesquisado sobre o que fazer e para tornar mais legal a experiência deles comecei a fazer dinâmica. Neste ínterim, a catequista antiga teve uns problemas com o pai, se afastou e eu fui conduzindo, ai pedi ajuda para um moço que era catequista de crisma, este moço veio a se tornar nosso catequista de crisma e dindo de consagração do Oliver rsrs tamanho foi a nossa sinergia.

Imaginem que mesmo estando lá, mesmo fazendo coisas diferentes, não conseguia tornar a catequese agradável rsrs, ai chamei reforço...o papai do Ítalo veio me ajudar na catequese e assim nos tornamos um casal de catequistas.

A nossa base foi a crisma, que fizemos em casa rsrs, sim catequese delivery kkkk, tamanho era o propósito deste nosso catequista e agora amigo/dindo, ele tinha um proposito na nossa vida e a nossa na dele, foi ele ser a primeira vez dindo <3, sim eu fiquei gravida, no meio da catequese do Ítalo e no meio da nossa Crisma, o Oliver estava no forninho <3 

A antiga catequista chegou e a nossa catequese já não estava como era a dela e ficou tudo meio estranho, ela tentou se achegar , mas não entendia uma catequese assim, mas dinâmica, intuitiva, com brincadeiras e movimento. Aliás acho que assustamos muito a comunidade, com uma catequese mais atuante.

Mas apesar de parecer tudo bem, começa os atritos com os pais...e não era por causa da dinâmica, ou pelo aprendizado...era por que eu cobrava das famílias, presença na missa e na catequese e muitas não gostavam.

Ahhh meu filho foi em uma festinha ontem, não conseguiu acordar, só aparecia na catequese, que nesta época era depois da missa. A hj meu filho não veio pq estava cansado, hj meu filho não veio pq tinha apresentação na escola, era muitas faltas, eram catequizandos turistas.

A gota d´agua foi uma encenação do Natal. Para fazer uma encenação, precisa que todos fossem e ensaiassem e a maioria ia, sempre dois ou três, os mesmos que a mãe dizia que sempre estavam fazendo algo "mais importante". Já tinha separado os personagens, mas a pessoa nunca vinha, será que viria no dia?

Deixei outra criança fazer, imagina que no dia a tal criança apareceu e não aceitou que não era mais um dos três reis magos... sério???

Chegou aos gritos, eu gravida, por graça de Deus, neste anos, sempre tive uma família pelo menos que entendia meus propósitos e interferiu, logo vieram outras pessoas e no fim acreditem, tivemos que colocar 4 reis magos...ai entendi que não bastava ter conhecimento e repassar de uma forma mais produtiva e legal, tinha que ter jogo de cintura com as famílias tbe e isso já tinha me deixado triste.

Fizemos um acampadentro, um acampamento com muita oração dentro da igreja...e eu vomitando a noite toda rsrs, graças a Deus um anjo do grupo de jovens tinha levado um colchão daqueles de ar e consegui adormecer por cansaço.

Fizemos nosso retiro de preparação para a primeira comunhão, que emocionante, não sei se tocou as crianças, mas a mim e meu esposo tocou muito.

Tentei fazer uma horta pq tinha a ver com o tema da campanha da Fraternidade daquele ano,  com a chegada do novo padre ele gostou da ideia...eu entrei com a ideia, uma mãe ajudou com as mudas, terra, eu só precisava ir com as garrafas pets furadas, que eu tinha esquecido de pedir para o marido fazer em casa, estava próximo das férias de julho e eu não queria deixar pra outra data, insisti...ele foi furar com faca, acabou se ferindo grave, fez um corte tão profundo que perdeu o movimento de um dos dedos e eu fiquei me sentindo culpada, triste e querendo desistir...

Chegou a primeira comunhão deles, Oliver tinha uns dias de nascido, foi emocionante lindo demais, enfim tinha cumprido a minha missão, a nossa missão.

Com um bb pequeno e vocês lembram , sem dormir...não peguei nenhuma turma, aliás eu nem queria mais, não por causa das crianças, mas por causa das mães mesmo, em puerpério, não tinha estrutura sério!!!

Passaram alguns meses e todo mundo perguntando, qdo eu voltaria e eu protelando, protelando. Ai fiz o batismo do Oliver e falei...ok Senhor eis me aqui rsrs

E pegamos uma nova turma , formação deles duraria dois anos e ontem entreguei mais uma turma, ontem eles fizeram a primeira comunhão...sim em meio a pandemia, ouvimos a renovação das promessas deles...foi lindo, chorei demais...

Nestes dois anos, aconteceu tudo o que disse lá no começo do post...imagina o quanto foi difícil?

Mas nos chegamos, eu, o marido, o filho mais velho e o mais novo...todos os domingos por 2 anos, começando a catequese as 8 da manhã e saindo de lá depois da missa às 10:30

Foram muitas festas que deixamos de participar, muitas viagens desmarcadas, muito mal humor juvenil, pois eles são nossa responsabilidade e estavam lá conosco.

Passei a catequese para antes da missa, pq assim conseguia que pelo menos as crianças ficassem na missa e sério, muitas iam na catequese e saiam antes da missa =(

Catequese sem missa não existe, assim como catequese sem família não existe!

Comecei com uma turma de 10 e entreguei 7 valentes rsrs, meus amores, que estarão sempre no meu coração.

Nestes dois anos, perdi meu pai, enfrentamos as doenças do marido, um filho no início da adolescência e um bb bem agitado...mas nada disse me fez parar, a não ser as mães de catequisandos.

Ouvi que não era uma boa catequista, por que não entendia que as crianças tinham outros afazeres, que ficavam doentes...fiquei doente, estou com uma gastrite crônica agora, pq não podia responder a elas como eu gostaria.... eu acordo as 5:30 todos os domingos, mesmo não tendo dormido na noite anterior pq neste meio tempo mudou um vizinho que ama dar festas na sua piscina até o dia amanhecer com o funk no último e estava lá pra educar o filho dela na fé, que mesmo enterrando meu pai no sábado, estava no domingo ensaiando para eles fazerem uma apresentação da paixão de Cristo, que mesmo com meu marido sem andar, eu estava lá colocando rosas no andor até tarde para as crianças coroarem nossa senhora, mesmo com um medo enlouquecedor de perder o marido pra uma doença qq, de perder meu filho para depressão eu queria dizer pra elas eu estou aqui para ajudar os filhos e filhas de vocês a ter um encontro real e duradouro com Jesus.

Sou catequista por amor, não sei se tenho vocação, hj novamente me vejo desistindo dos propósitos de Deus, não pelas crianças...pq pra elas eu sofreria e me alegraria por muitos anos, mas CATEQUESE SEM FAMÍLIA não existe!!!

Então se você é católico, praticante ou não, olhem com carinho para os catequistas. 

Nós servimos a Deus, mas somos humanos, temos erros, temos pensamentos ruins e problemas. Se puderem deem um abraço caloroso quando encontrar seu catequista!

Somos valorosos soldados de Cristo, nossa luta é árdua!

Parabéns a todos os catequistas!!!

Beijos 

" Seduziste-me, ó Senhor, e deixei-me seduzir" Jeremias 20:7

Um pouquinho em fotos, destes anos como "família catequista"

Sobre esta foto , acompanhe aqui nosso testemunho de fé

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